sexta-feira, 24 de janeiro de 2014



O vento nunca me deixou,  você , no entanto, sempre se fez de ausente. O som continua o mesmo, abafado pelo ventilador mais do que barulhento, nesse calor infernal.  As vezes me lembro de tudo o que já aconteceu, e fico com um sorriso bobo estampado na cara pelo resto do dia. Não obstante, há vezes em que me lembro de uma palavra que ficou presa na garganta, e olha, não consigo definir isso em uma palavra, e não vou me alongar nos velhos clichês . A minha mente viaja . Talvez os alemães tenham um nome pra essa sensação. Talvez não.
Juro, sinceramente, nunca contei pra ninguém. Mas eu sempre reparei que seu olho direito, às vezes, sai mais baixo que o esquerdo nas fotos.  Eu já lhe disse que aquela seria a última seria a última declaração de amor, mas não disse que não seria a última vez que eu falaria de você. Como seria o mundo sem você?  Bem, mau? Ontem mesmo gastei algumas horas pensando como seria se eu nunca reparasse seus olhos. Desculpas, mas uma palavra sua faz tanta falta.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Chevy’67


Sorte, que palavra mais estranha. Acho que nunca tive sorte...
Ele liga a televisão, aquela mesma merda de sempre. Olha para o relógio,e diz:
-Não é tão tarde assim, resmungou sozinho.

 Questionava-se às vezes se aquela bipolaridade podia ter-lhe atribuído uma dupla personalidade, dois egos, onde um aconselhava o outro, e o outro aconselhava o um.
Ligou o carro. Nada como o cheiro de um carro velho... velho? velho é seu avô!,aquilo não era um carro, muito menos velho, era uma obra prima da mecânica, uma maquina de fazer inveja a qualquer Thomas Edison .
O ronco do motor, o cheiro da gasolina, o couro dos bancos, até a forma do painel, era motivo de contentamento, de vislumbre à sua alma. Ninguém, nem ele mesmo, sabiam quantas milhas tinha viajando para comprar aquele Chevy’67, muito menos quantos vinténs ele morreu para concluir a mais perfeita de suas perfeições.
Sempre quando saia da garagem, atravessando sua rua com o impala,com a noite bem arrastada,lembrava daquele episódio:
-Mas esse carro é uma velharia! Você um doido...
-Você nunca vai entender. É assim como o amor que sinto por você...
-Está querendo me comparar ao um carro, é isso?
E toda aquela perturbação passava em sua mente... BURRO!Ela fazia falta, muita falta...
-Pois bem. Pelo menos esse bebê aqui nunca vai me abandonar.

 E passou a mão pelo painel do carro.

Alguns quarteirões depois,entrou em ser bar predileto, como sempre, deliciando-se com os dizeres na fachada:
“Quem não bebe, não vê o mundo girar.”
Frase tão simples, mas de tal efeito, responsável por exímias análises literárias dignas de um doutorado.

-Vai querer o que? Pergunta o garçom.

-O de sempre amigo. Rasgou o pedido ao sentar  no balcão. Depois de tanto tempo, tantas conversas, o garçom já não tinha decorado sua bebida predileta?
-Whisky, puro.

Sem energético, sem isso nem aquilo. Assim como um homem deve apreciar uma bebida. Coisa mais idiota é bebida de festa com nomes mirabolantes, o que lhe importava o nome? Aos infernos seus nomes e combinações.
Lembrou de seus amigos, suas risadas e suas declarações epifanicas em diversos bares.
-Sorrindo a toa... felicidade, cara? O garçom interrogou ao trazer a bebida.
Porra! Já passava da meia noite, estava sozinho num bar e querendo uma bebida forte, como poderia estar feliz? Quis fortemente tirar sangue do barman.
-Nada, nada... não tenho essa sorte.
Sorte, de novo isso! Nunca tive, não tenho e nunca vou ter, era o que sua voz lhe dizia, mas bem lá no fundo, ele sabia que era mentira.
Mas também é verdade, que odiava esses rótulos que usamos na vida: sorte ou azar. Não, isso é coisa de quem não admite os erros. Sempre analisando os progressos e retrocessos, tentava jogar a culpa na azar. De nada adiantava. Sempre percebia que o insucesso, era acompanhado de situações hipotéticas, palavras não ditas, falta de coragem.
-Sou um frouxo! Bateu no balcão no 3º copo.
Uma loira sentou-se ao seu lado. Que corpo era aquele!
- Garçom, um copo para a senhorita.
Por minha conta, foi o que disse ao vislumbrar seus olhos.
-Whisky puro?
-Sim, HOMENS tomam whisky puro.
-Homens? O que te faz pensar que você seja um?
Ela ia mesmo começar esse joguinho? Não sabia o que viria, mas com certeza ela não escaparia. Seria a sorte, enfim?
-Se você quiser, posso te provar...
Congelou em seus olhos. Cor de mel, nunca reparou olhos assim...
-Tenho namorado!...Aliás, tinha. Arrancou uma aliança, supostamente de prata. Devia ser mais um latão, com brilho do alumínio.
Essa raiva toda era isso?
-Então é isso que te traz aqui?
-Uma mulher não pode vim a um bar, somente por querer?
-Claro. Mas sempre há algo a falar, algo a dizer.
E tinha! Então ela contou toda a sua decepção amorosa da última semana . Concentrou toda sua paciência para ouvir todos os reclames dela. Como os relacionamentos estão ficando rápido, pensou. Era isso, ou ele que era antiquado demais para se enquadrar no novo mundo?
Perguntas, perguntas... Aos infernos! Ele só queria escutar aquela voz de veludo, em tom meigo, mesmo que fosse para falar sobre o namoro, como começou e como terminou.
Em menos de uma hora, já tinha esquecido tudo. Estava com ela no banco do carona, dando-lhe olhares tentadores, enquanto ele cortava ruas cauteloso, para não fazer nada inadequado na sua preciosidade.
Será que a sorte tinha mesmo invadido sua vida? Não queria mais saber de sorte, de nada, só queria possui-la.
De manhã, ao acordar, não encontrou em sua casa. A dor de cabeça era tão forte, que nem conseguia lembrar o nome da loira de olhos de mel.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O vento cortava

Ele gostava do frio, sempre gostou. Afundou suas mãos nos bolsos, sem saber o porquê, só mais uma atitude involuntária do seu corpo.
Quanto tempo não passava por ali? Uma combinação de prédios e casas peculiar o levou em uma viagem no tempo. Tantas lembranças de amigos e inimigos, alegrias e tristezas, paixões... várias imagens ao mesmo tempo na mente. Como podia ter esquecido?
A resposta veio tão rápida quanto à dúvida. A incerteza reinava, juntamente com o desconforto e o azar. Assim, resolveu esconder tudo, jogar para debaixo do tapete. Não teria uma vida nova pela frente?
A verdade é que tinha vergonha do seu passado. E depois de todos os desencontros, arrependeu-se de ter cortado todos os laços de uma vez só. Quem sabe a sua felicidade não estava escondida ali?
Como sempre, ele alimentava esperanças, mesmo que fossem meras utopias.
Ele dobrou a esquina.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Uma carta



Justamente! Eu sempre gostei dessa luminosidade! É claro, que depois de alguns anos, as coisas mudam, mesmo que só um pouco. Mas mesmo assim, essa luminosidade me fascina. Fascina-me tanto quanto a música que está tocando, tanto quanto os seus olhos. Tantas e tantas histórias passam na minha cabeça quando eu escuto sob a luz do sol, principalmente daquela época, você se lembra? Não, você não se lembra. Você nunca poderia se lembrar. Às vezes eu acho que você nunca esteve lá, para dizer a verdade.

Ultimamente, o novo vem estando presente em meus convívios, não posso negar o bom lado da novidade, longe de mim, mas é de característica deste que vos fala certo apego ao passado. As coisas boas ou as coisas ruins, sempre serão lembradas por esse detalhe incomum. Será que você volta? E essa luminosidade faz lembrar, que longe de você, tudo a minha volta é triste. 

Literalmente, tudo é triste. Mas a tua presença me anima, me enaltece, me agride. Simplesmente sentir a sua presença, junto dessa luminosidade, modifica todo o ambiente, eu me perco em meios aos pensamentos.  Seus olhos olham de encontro aos meus, um sentimento descomunal percorre todo o meu corpo, e me vejo de novo ali, parado, te observando, novamente estupefato, como se o tempo não tivesse passado. 

Inutilmente, eu tento fugir de todos esses pensamentos, mas como fugir de algo que é mais forte que você? Como fugir de algo que realmente faz parte de você? Ignorando? Palpite. E ainda falido. Não é possível fugir de si mesmo, não podemos fugir de algo tão forte. Por mais que as experiências não lhe tenham trago bom memorias, o simples detalhe de a experiência existir já lhe é de prova suficiente de importância, demonstrando que por mais que as suas tentativas venham a ser falida, você não deve desistir dos seus sonhos. Não deixe que a falta de tentativas, venham ser o seu arrependimento futuramente. E foi assim que eu sempre fiz com você, nunca desisti. Sempre e sempre, lutando ,tentando alcançar os meus sonhos junto a você, mesmo que sempre nada desse certo entre a gente. Passando por cima de toda a dúvida do que poderia dar errado, ignorando o orgulho de novamente exacerbar um sentimento verdadeiro e vencendo todo o medo de tudo dar errado novamente. Eu trocaria uma viagem a Londres por um sorriso seu.

Ainda, depois de tudo isso, a luminosidade permanece intacta, por mais incrível que pareça, realçando como nunca a sua beleza. E logo você foi escolher a se vestir com minha cor predileta para uma mulher, sempre soube que essa cor lhe cairia bem. Não vou perder a chance de falar com você, e não perdi. Não sei se foram 30 segundos ou 2 horas, só sei que olhar novamente nos seus olhos é mais do que eu poderia imaginar como uma boa noite. Sua beleza permanece intacta, seu rosto é a mais bela forma de perfeição que eu consigo imaginar. E, de repente, você se vai. Como uma fumaça, a sua presença se dissolve no ar, se esgueirando ao vento.  Eu olho pra um lado, pro outro, não te vejo. Procuro por todos os lugares iluminados, e você não está lá. Pergunto a alguns sobre a sua presença, e ninguém confirma em ter te visto nesse local. Não importa independente disso, eu sempre soube que você estaria lá.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Eu

Hoje me deu vontade de fugir de regras,não pegar o caminho que me leva até em casa. Senti vontade de experimentar novos gostos,novos costumes. Procurei ser eu,isso mesmo,tentei ser eu em minha essencia,em minhas vontades,naquilo em que sou melhor,ser eu.
Não tentei agradar ninguém,não fingi estar interessado. Não fui de encontro ao convencional,fui de encontro ao que me convinha. Não fiz o que foi planejado,fiz o que meu coração mandava,o que meu corpo queria. Não bati o cartão na fábrica,com o livro de expediente embaixo do braço. Acordei cedo no domingo,para dormir até tarde na segunda.
Cochilei ouvindo lições de moral,não me importavam mesmo! Fiz minha 'fézinha',menti no meu carteado. Passei em frente a Igreja,fiz o meu sinal da cruz assim como me ensinaram na catequese,fui até ao padre,infelizmente ele não soube me explicar porque existem pecados. Ao menos,ele falou como posso fazer para evitá-los.
Sai caminhando pela 'piazza' da vida,vi todas as interações sociais exemplificadas nos comércios junto a praça,como num romance naturalista. Continuei caminhando,como se tudo fosse história,continuei em meu caminho como se tudo que eu já tivesse passado fosse mentira,um sonho. Um péssimo sonho em uma noite de tempestade,que no final,teve um relance de sonho de verão.
Não,meu amigo,não me importei que era segunda,não me importei que eu tinhas compromissos,mal me veio a cabeça qual era o motivo para toda essas palhaçada - se lá existe motivo!,eu apenas fiz o que quis,apenas fui de encontro a minha vontade. Tentei,pelo menos uma vez na vida,segui o que eu QUERIA FAZER,e larguei todas essas conveções,regras ditadas por essa sociedade consumista-usurpadora de lado.
E assim vou continuar,pelo menos uma vez na vida sendo EU.

sábado, 1 de setembro de 2012

Um bom vinho

Um bom vinho
nesse clima ameno
procuro por todos os lados
você não está aqui

Por onde andas,menina?
Já te procurei até dentre do meu peito
em certo,até que te achei
mas não foi do modo que queria!

Não gosto quando um bom rock vem acompanhado de dor
muito menos quando sou privado de ouvir a sua voz
não gosto desse mal português que lhe escreve mil juras de amor
muito menos em falar de amor aos ventos.